sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Urbanidade em falta

Este assunto será discutido com mais autoridade pelo meu amigo Márcio Aguiar em seu blog. Ele advoga em casos de responsabilidade e direito civis, além do direito do consumidor. Em um caso de seu escritório atendeu um cliente que num supermercado, escorregou no chão molhado, sem placas de aviso, de uma seção. Há um toque melodramático, o sujeito se recuperava de uma operação de menisco, tendo com o acidente retroagido em seu tratamento, além do constrangimento público; Márcio me contou que caído, seu cliente urinou de dor.
Conversando sobre o assunto comentei, "não me interprete mal, mas acho que isso é um sinal de que somos um sociedade que caminha para ser regida por advogados"; brincalhão e corporativo ele retrucou, "eu acho isso ótimo". Expliquei-me, que não eximia a responsabilidade da loja por não sinalizado adequadamente a área, mas e a do indivíduo que convalescendo e descuidado se expõe a esse risco? Mais, lamentei que um caso desses, teve que ir a julgamento, quando o reconhecimento de erros e desleixos entre as partes, poderia levar um acordo amigável.
Numa sociedade ideal, observando suas peculiaridades, se o cidadão tem uma questão a ser resolvida, ele deveria procurar o médico logo no início, o advogado quando esgotadas todas as possibilidades. Como disse Shakespeare, só ri das cicatrizes, quem nunca se feriu, não estou fazendo deboche de quem tem um problema, mas lastimo cada vez menos haja diálogo entre as pessoas, entupindo os tribunais. Não é errado, pois o fórum adequado para tentarmos a reparação naquilo que pensamos que nos é de direto é a Justiça. Com certeza é um caminho legítimo, mas, e aqui vai uma opinião minha, que não é raro, desnecessariamente complicado. Falei anteriormente em sociedade ideal, estamos longe disso, somos uma sociedade que chamo anfetamínica, lembra do exemplo que usei para o médico, pois bem, preferimos nos auto-medicar.
Sinto uma falência na convivência com o outro. Talvez o melhor exemplo seja esses programas que pipocam na TV. Gente em arengas por ninharias, com aqueles que tem mais intimidade, familiares, vizinhos, colegas de trabalho. Aqueles que nos são mais próximos, e deveriam gerar o sentimento de generosidade. Pior é o ridículo que expõe em rede nacional, pérfidamente anabolizado por apresentadores sem escrúpulos como Márcia Goldschimidt e Luciana Gimenez.
Em tempo, A juíza substituta da 5ª Vara de Fazenda Pública de Salvador, Aidê Ouais, anulou a eleição do Rei Momo do Carnaval baiano. Clarindo Silva perdeu a coroa porque pesa apenas 58 kg. A juíza disse que a população está acostumada com um Rei Momo gordo - e que a tradição tem de ser mantida. Um novo concurso para Rei Momo será realizado. Só com gordos concorrendo. Quem deu início a ação foi um grupo de gordos, que profundamente ofendidos com o fato procurou o Ministério Público. Termino com dois comentários, não seria menos estúpidos esses gordos procurarem afogar suas mágoas se empanturrando num rodízio; e carnaval não deveria ser uma manifestação da brincadeira, quebra simpática de regras e paradigmas? Um rei momo magro pode não ser uma piada lá muito original, mas é uma piada.

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