sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Essa ele só perderia para ele mesmo, e bem que ele tentou

Sabe aquela história que até um idiota poderia ser bem sucedido comandando a Seleção Brasileira. Pois é, como se não tivesse nada mais importante que fazer (como impedir jogos ao meio-dia, o que acontecerá no campeonato paulista neste ano, para atender os interesses da televisão, oferecer condições decentes para os campeonatos nacionais da segunda e terceira divisões, por exemplo), a Confederação Brasileira de Futebol, CBF, tal como os Mythbusters do canal DISCOVERY, resolveu tirar a limpo essa lenda urbana. Admita-se, empenharam bem para achar esse idiota. Agora que o experimento se mostrou bem sucedido, é torcer para que mandem ele pastar e chamem alguém decente.
Isso mesmo, ontem Dunga foi eleito o melhor técnico de 2007. A escolha foi realizada pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS), ligada a FIFA. Para diminuir sensivelmente o constrangimento, explica-se que na votação, comandada pela IFFHS, só participaram técnicos das seleções. Como epítome de sua condição de Joselito declarou, "só o fato de ter sido relacionado já demonstra o respeito que existe pelo meu trabalho. Ser escolhido o melhor, então, me motiva ainda mais na seleção".
Num breve retrospecto, cabe lembrar que até o convite de Ricardo Teixeira, Dunga nunca dirigiu um time, ganhava a vida comentando futebol para a BAND e como palestrante em convenções de empresa. Já naquela época imaginava o martírio que deviam ser suas apresentações motivacionais, dado como penava para dar uma simples opinião nas mesas redondas capitaneadas por Luciano do Valle.
Não tenho palavra melhor para sintetizar o trabalho de Dunga que não seja constrangimento, próprio ou impingido a outros ao seu redor. Como explicar embaraço que expõe seus atletas, como na Copa América ano passado, tornando público as cartas de dispensa de Kaká e Ronaldinho Gaúcho. O aperto em armar o time de maneira covarde, lotando o meio campo para parar as jogadas. Nas entrevistas coletivas, compra brigas com os jornalistas e no jogo das eliminatórias no Maracanã, atacou a torcida.
Constrangimento, sim, toda a prepotência murcha quando voltado contra quem realmente mais que atrapalha, mas mancha o futebol brasileiro, o senhor Ricardo Teixeira, presidente da CBF. Não é a toa que Juca Kfouri, um dos poucos jornalistas no país que honram sua profissão o chama de "a voz do dono". Vítor Birner, seu pupilo, tem uma alcunha ainda mais feliz: trainee, um cargo acima do estagiário, um abaixo do profissional.
Nesse ano de Olimpíadas, torço sinceramente para que a seleção não chegue a medalha de ouro. É constragedor ver esse modelo progredindo.


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Now playing: The Chemical Brothers - Out of Control
via FoxyTunes

2 comentários:

Anônimo disse...

E a declaração do Dunga de que não convocaria o Pato porque ele ainda não tinha experiência e precisaria mostrar muita coisa antes de ter chances na seleção? Ridícula!
Mas fomos vingados por Juca Kfouri que, ao comentar essa estupidez, devolveu a Dunga duas outras perguntas: e você Dunga, tem experiência para comandar a melhor seleção do mundo sem ter treinado nem time de várzea? E o que você precisou mostrar como técnico para chegar onde está?
(...)
Que pena que os repórteres presentes à coletiva onde o Dunga soltou essa pérola não tiveram a perspicácia (ou a coragem) de mandar uma dessas!

Alexandre disse...

Cada vez mais vejo que a inutilidade das coletivas, éum espaço vendido, e não falo só dos patricionadores, mas de algumas opiniões. Não há aberturas para um diálogo franco, só frases feitas e hostilidade para quem não se compactua com o oba-oba, e mais grave anuência dos jogadores. Que falta faz um Johann Cruiff, que não aceitou usar uniforme ADIDAS na Copa de 74, e não foi a Copa de 78 por se recusar a jogar num país sobre ditadura.