sábado, 9 de maio de 2009

2 Histórias.

Sábado costumo tirar uma longa soneca. Acordo em torno das 4 horas da tarde, e passo o resto do dia checando e-mails, lendo os jornais e sites na internet. Hoje levantei mais cedo, por volta das 15:00hs, e como minha irmã usava o computador, resolvi ver um pouco de TV.
Lembrei-me porque adotei esta rotina, a melhor atração no momento era o programa do Luciano Huck, e isso é o bastante para dizer muito sobre a televisão aberta brasileira. Para comparação, o SBT apresentava a estréia de Netinho de Paula, no final, uma cópia deslavada do da Globo, só que mais brega, mais piegas, mais pobre, mais desinteressante, em suma: mais Netinho de Paula.
Num momento, Huck disse que fazia uma modernização do Cassino do Chacrinha. Ele está certo, as coincidências vão além de ocuparem o mesmo horário, em épocas diferentes. Os dois ganham muito dinheiro explorando a ignorancia, preconceito, sexualidade barata e pessoas necessitadas.
Duas historinhas rápidas sobre Chacrinha.
Década de 80 do século passado, sem MTV, MySpace, LastFM, MP3, bittorrent, o melhor da crítica especializada estava em meios marginais como franzines, ou rádios segmentadas. Para um grupo musical ser conhecido nacionalmente tinha que se apresentar na televisão. A Rede Globo, ciente de seu poder, era muito paparicada. Ter uma música na trilha sonora da novela (comercializada pela gravadora do grupo: Som Livre), estrear um clip no Fantástico, engolir o orgulho e encarar um playback no Globo de Ouro, era decisivo para o artista ou grupo estourar. No Cassino do Chacrinha, não tinha firula, bastava pagar, o que no jargão musical é conhecido como jabaculê. Não tem dinheiro na mão, sem problema, bastava fazer apresentações de graça nas intermináveis turnês de show, que Aberlado Barbosa promovia, tirando mais um por fora, bastava acertar as datas. O Ira! não topou, sabe-se que a discursão não se deu em termos amenos, e Leleco, filho do apresentador, responsável pela produção na televisão e agenda do pai, os pôs na geladeira, e durante muitos anos, não se apresentaram na emissora. E talvez, não por acaso, mesmo tendo grande canções, e o melhor guitarrista do rock brasileiro, Edgard Scandura, o Ira! nunca teve o mesmo destaque que figurinhas fáceis como Paralamas do Sucesso, e Titãs.
Muitos gênios também tiveram aspectos nas suas personalidades, ou biografias questionáveis, a lista é bem longa. só que Abelardo Barbosa não era gênio, só um enorme sacana. Qual seu legado afinal? Duas frases pouco inspiradas (eu vim para confudir, não para explicar; quem não se comunica se trumbica), e figuras como João Kleber, Elke Maravilha, Sidney Magal, Rita Cadillac, Gretchen...
Segunda história, mesmo século, meados dos ano 60's. De férias, o poeta João Cabral de Melo Neto visita amigos no Rio de Janeiro. No local, é anunciado que Chacrinha entrava. "Chacrinha, quem é Chacrinha?" perguntou João Cabral, que mesmo que pelo serviço no Itamaraty, atuava como cônsul em Barcelona, com um oceano de distância, era capaz de não saber quem chegava. Cruzando a mesa, Chacrinha solta um: "Cabral!!" a plenos pulmões. O outro responde: "Abelardo!" e se abraçam chorando. Explica-se: os dois foram colegas no Colégio Marista em Recife e não se viam há mais de trinta anos.

NOTA:

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